segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O mundo enlouqueceu

Alessandro da Série B para o mundo. Foto: J.F Diorio/Agência Estado



Jogos que vi em 2012 – Mundial de Clubes – Final –  Corinthians 1 x 0 Chelsea #186

Venceu o pragmático Corinthians de Tite, o mundo enlouqueceu e está na mão do bando de loucos. Caso se confirme a profecia maia o mundo acabará preto e branco. Ao contrário da semifinal com o Al Ahly, o Timão foi impecável taticamente e bateu o Chelsea por 1 a 0 e conseguiu o título Mundial em Yokohama.

A conquista coroa o trabalho de Tite que inova o futebol brasileiro com um futebol que prima a tática, o futebol coletivo, a organização. A diretoria poderia ter limado o gaúcho na derrota mais humilhante dos últimos anos alvinegros, aquela para o Tolima, mas preferiu seguir com o trabalho e foi recompensada. Brasileiro, Libertadores e Mundial.

O bando de loucos deu show no Japão e mais uma invasão, a mais espetacular, foi vista. Muitos apaixonados atravessaram o planeta para estar ao lado do clube em seu momento mais importante da história.

O Corinthians foi pragmático e venceu pelo placar mínimo os seus dois jogos que fez no Mundial. 1 a 0. Criticado por alguns, mas aposta de Tite, o peruano Paolo Guerrero se machucou antes da viagem. O jogador se recuperou de forma incrível e foi o nome do título. Foi da cabeça guerreira de Guerrero que saíram os dois gols do título.

Há pouco tempo a Polícia Federal invadia a sede do Corinthians para investigar o clube por causa da MSI. O time foi na lama da Série B e entendeu que a imponência de um time é o seu torcedor. Usou isso para crescer e se tornou mais gigante do que nunca. Se organizou, papou títulos e ganhou o mundo. Exemplo para os demais clubes, para o rival Palmeiras, para o gigante Flamengo.

O JOGO

Em Yokohama o Corinthians foi perfeito.  Tite estudou o Chelsea e mudou o time. Saiu Douglas para a entrada de Jorge Henrique que ajudou Alessandro na marcação. O time inglês veio diferente também. Mais leve, com a proposta de ter a bola sempre, com Lampard e Ramires como volantes e a linha de três com Moses no lugar de Oscar e ao lado de Mata e Hazard.

Ao contrário do que se viu no jogo do Al Ahly, o Corinthians foi perfeito na marcação e fazia vez ou outra quase que uma segunda linha de quatro jogadores com Emerson voltando com um dos volantes. A primeira linha foi perfeita no posicionamento. Tecnicamente Paulinho e Emerson não desequilibraram como o esperado, mas o Timão tinha o conjunto.

Cássio foi gigante e fez grandes defesas, Torres ajudou no fim do jogo ao chutar em cima do bom goleiro e perder gol feito. O Chelsea criou mais, chutou mais, errou mais. O Corinthians chutou pouco, criou menos, mas foi letal com Guerrero de cabeça mais uma vez.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Chelsea passa fácil e pega Corinthians

Jogadores comemoram  gol em vitória sobre o Monterry. Foto: Reuters



Jogos que vi em 2012 – Mundial de Clubes – Semifinal –  Chelsea 3 x 1 Monterrey #185

Sem passar sustos, o Chelsea venceu a sua semifinal contra o Monterrey e vai mesmo encarar o Corinthians na final do Mundial de Clubes. A vitória tranquila dos ingleses faz com que eles sejam os favoritos no domingo. Só que a final promete ser mais competitiva do que foi a semi. O Corinthians será um adversário mais duro, mas precisará mostrar muito mais do que fez contra o Al Ahly.

O time colocado em campo por Rafa Benítez foi no mínimo diferente. David Luiz jogou mais adiantado, como um volante, ao lado de Obi Mikel. Com isso Ivanovic caiu para a zaga e Azpilicueta fez a lateral direita. Oscar pôde jogar onde gosta, na linha dos três meias e por dentro. Mata e Hazard pelos lados e Torres centralizado, mas caindo muito pela direita também.

Os Blues iam bem quando desciam pela esquerda com Hazard. E foi por ali que saiu o primeiro gol. Uma triangulação com Hazard, Oscar e Ashley Cole resultou em cruzamento na medida para Mata abrir o placar. Depois o jogo ficou sonolento. O Monterrey não conseguia agredir, chegou a cruzar algumas bolas tentando De Nigris, mas em vão.

No segundo tempo o Chelsea voltou com tudo e fez dois gols em três minutos. Torres bateu e com a bola desviada ampliou. Depois em boa trama, Mata recebeu na ponta direita e colocaria Oscar na cara do gol, mas Chávez fez contra. O Chelsea tocou bola em todo o segundo tempo e no final De Nigris foi premiado por seu esforço e fez o de honra dos mexicanos.

Agora é esperar para ver o que Benítez fará para o jogo contra o Corinthians. Será que repete David Luiz no meio? Ou vai optar por Ramires entre os titulares? Só domingo mesmo para ficar sabendo.

Confusão marca título do São Paulo

Ídolos comemoram título conturbado no Morumbi. Foto: Reprodução/ESPN



Jogos que vi em 2012 – Copa Sul-Americana – Final – Volta -  São Paulo 2 x 0 (W.O) Tigre #184

Eu nunca tinha visto isso no futebol. O São Paulo venceu o Tigre por 2 a 0 no primeiro tempo e foi campeão após a equipe argentina ter desistido de voltar para o segundo tempo. Um dos episódios mais estranhos do futebol nos últimos anos.

Em campo a vitória tricolor foi inconteste e poderia ser uma goleada se o segundo tempo existisse. Lucas e Osvaldo fizeram os gols do São Paulo em um primeiro tempo fácil, apesar da truculência de algumas jogadas e dos ânimos alterados.

Mas a parte tática e técnica foi apenas um detalhe na noite do Morumbi lotado. Na saída para o intervalo o tempo fechou. Lucas provocou os argentinos que queriam briga. O pau quebrou dentro do vestiário e um monte de histórias mal contadas começou a surgir.

A PM revelou que houve confronto pesado entre os jogadores do Tigre e os seguranças do São Paulo. Os integrantes do time argentino reclamaram de agressão de intimidação com arma de fogo por parte dos seguranças do tricolor.

Depois de muito disse que me disse, o Tigre não voltou a campo e o árbitro da partida decretou o W.O. Com isso o São Paulo foi campeão da Sul-Americana. Lucas vai para o PSG com uma taça erguida, após bonito gesto de Rogério Ceni.

Muita coisa ainda tem que ser explicada. E muito clichê teria que ser abolido. E as pessoas diferenciarem rivalidade de xenofobia. Nessa história não tem santo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Choque de realidade para o Corinthians

Peruano fez de cabeça o gol que colocou o Timão na final. Foto: Reuters



Jogos que vi em 2012 – Mundial de Clubes FIFA – semi-final -  Corinthians 1 x 0 Al Ahly #183

Foi mais difícil do que o esperado. O favoritismo que o Corinthians carregava antes da partida contra o Al Ahly não foi tão evidente em Toyota. Isso não significa que a vaga na decisão veio com tanto sofrimento. Com um primeiro tempo razoável e um segundo tempo sofrível, o Timão conseguiu o que queria e está na final e, de quebra, tomou um choque de realidade para a sequência do torneio.

O time organizado, pragmático e eficiente de Tite não esteve em campo na estreia. A marcação não foi tão forte e a criação de jogadas ofensivas não foi tão farta também. O time começou com Emerson pela esquerda e Danilo pela direita. Um convite ao bom Fathy passear pelo lado frágil do time paulista.

Tite corrigiu com a inversão entre Danilo e Emerson. Melhorou a marcação, ajustou melhor o time que passou a sair mais para o jogo. O gol saiu de um cruzamento para o centroavante. A aposta de Tite e a persistência de Guerrero para se recuperar deu certo.

No segundo tempo, com a entrada de Aboutrika, o Al Ahly ficou mais perigoso. Com a necessidade do empate teve mais posse de bola. Mas não foi eficiente. Cássio não fez grandes defesas. O “sofrimento” não foi grande, mas a expectativa de vitória tranquila passou longe de se concretizar.

Mas o Corinthians errou muitos passes, não conseguiu encaixar um contra-ataque sequer, mesmo com Jorge Henrique e Romarinho em campo. Paulinho era o responsável pela saída de bola com qualidade, mas foi incapaz de organizar. 

Agora é esperar o adversário entre Monterrey e Chelsea. Os ingleses são os favoritos e o Corinthians precisa melhorar se quiser ser campeão do mundo.

Amém, São Marcos!

Marcos comemora gol de pênalti. Foto: José Patrício/Agência Estado


A noite de despedida de Marcos foi emblemática. O ídolo se eternizou e deixará saudades aos palmeirenses e ao futebol. Poucos conseguiram ser o que Marcos foi. O que ele é. O que sempre será. Foram quase 20 anos de uma carreira recheada de talento, títulos, dificuldades, carisma. A carreira acabou, o ídolo não.

No último ato do camisa 12 nos gramados como jogador, Marcos fez mais do que a sua despedida em uma festa. Marcos resgatou o orgulho do palmeirense que está ferido por causa de tanta bagunça política no clube-bomba que é o Palestra.

Ao ver tantos craques em campo, jogadores de um passado que parece tão distante quando comparado ao momento atual do clube, o palmeirense pôde recordar o quão grande é a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Grandes craques que reverenciaram São Marcos, assim como os quase 40 mil que lotaram o Pacaembu. Está aí o único problema da festa. Quem conhece o Marcão sabe que ele amava o Palestra Itália e que gostaria de encerrar sua carreira em casa, mas as dores não deixaram que a despedida fosse lá.

Não tem problema, Marcos estará em sua casa para sempre. Imortalizado com seu busto na nova Arena Palestra, eternizado no coração dos palmeirenses que nunca se esquecerão do grande jogador e “cara” que foi o Santo enquanto jogador.

A partida sequer chegou ao seu fim, nem precisou. Tempo suficiente para ver Marcos, rever Evair e se emocionar com o Divino, Ademir da Guia, além de tantos outros grandes craques. E ouvir Marcos pedir o torcedor para que nunca esquecessem dele.

Como se fosse possível.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Goiás tem ano mágico e faz sua obrigação ao voltar à Série A

Goiás antes da partida do título contra o Figueirense. Foto: Léo Iran



2012 foi um ano importante para o Goiás Esporte Clube, o ano da dúvida se transformou no da volta por cima. Um desfecho diferente do visto no fim de novembro abriria uma crise sem precedentes pelos lados da Serrinha. O clube terminou o ano em alta e voltou a se aproximar do seu torcedor. O título do Campeonato Goiano e da Série B foram os pontos altos no ano esmeraldino, mas o acesso não passou de obrigação.

O Goiás tinha a obrigação de ser um dos quatro primeiros clubes da Série B. Pela grandeza do próprio Goiás e pelo tamanho dos concorrentes, o time esmeraldino era favoritaço ao lado de Atlético-PR e Vitória. Se a análise for feita no cenário econômico em que essas equipes estão posicionadas em relação às demais que competiram, fica mais realçada ainda a obrigação pelo acesso, não pelo título.

A política do clube foi pacificada e Hailé Pinheiro voltou a reinar sem muito incômodo, apesar da tentativa de uma oposição ser formada. A revolta foi motivada pela queda do clube em 2010 e pelo não acesso em 2011. Mas com a maestria de sempre, o bom e velho Hailé Pinheiro colocou o Goiás no eixo.

Colocou João Bosco Luz no comando, saneou parte das dívidas que travavam a saúde do clube, mesmo que custasse a sua saúde. Hailé passou por uma cirurgia cardíaca nesse processo. João Bosco assumiu o comando do clube com o apoio dos vices Sérgio Rassi e Adriano Oliveira e colocou Marcelo Segurado como o homem do futebol.

Na prática quem foi “o cara” do futebol esmeraldino foi Enderson Moreira. O técnico foi uma aposta ainda em 2011 e se consolidou nesta temporada. Enderson passou por turbulências, por desconfiança, briga de egos, mas com o pulso firme da diretoria se manteve no comando e conseguiu tudo o que o Goiás projetou no ano. Dentro de campo, o treinador apostou em um sistema de jogo e foi fiel a ele, ainda que sintonias precisaram ser feitas no decorrer da temporada.

O 4-2-3-1 proposto por Enderson Moreira foi seguido em todo o ano, mas passou por modificações. Algumas peças foram trocadas, mas uma base importante foi mantida e passou por Harlei, Ernando, Egídio, Amaral, Thiago Mendes, Ramón e Ricardo Goulart. O onze ideal e seu funcionamento foi conquistado apenas nos últimos meses do ano.

A primeira formação tinha: Harlei; Peter, Rafael Tolói, Ernando e Egídio; Amaral, Thiago Mendes, Ramón, Ricardo Goulart e Felipe Amorim; Iarley. Nessa formação o 4-2-3-1 ficava torto para o lado direito onde estava Amorim. Como Iarley não pode ser a referência, o baixinho veterano flutuava e abria espaço para Ramón entrar na área como um centroavante.

A outra grande mudança envolveu a chegada do atacante Walter. O jogador chegou acima do peso e demorou um poquinho para encaixar na equipe. A má fase de Felipe Amorim abriu brecha para Renan Oliveira e a falta de referência no comando de ataque com Iarley foi superada com a presença de Walter que correspondeu com 16 gols.

Nessa segunda formação, a ideal, o meia Ramón teve que mudar um pouco o seu jogo. Ficou menos goleador, pois não precisava fechar como centroavante, passou a ser fundamental na recomposição do sistema de marcação fechando o lado esquerdo enquanto Thiago Mendes estava na direita.

O bom rendimento em campo foi traduzido nas arquibancadas do Serra Dourada. O Goiás não perdeu diante do torcedor, mas na primeira metade da Série B fez o torcedor passar por momentos complicados com vitórias magras e empates. Só na reta final o esmeraldino conseguiu lotar o estádio, somente no jogo do acesso e do título. Mas só de ter ficado próximo do time novamente já foi um avanço.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Despedida do tamanho da campanha do Dragão

Patric em disputa com Titi. Foto: Adalberto Marques/Agif/Agência Estado



Jogos que vi em 2012 – Série A – 38ª rodada -  Atlético-GO 0 x 1 Bahia #182

A despedida do Atlético-GO da Série A em 2012 foi do tamanho de sua campanha. Pífia. Um time que não conseguiu se impor em sua casa pagou o pato e vai disputar a segunda divisão no próximo ano. É tempo de reflexão, faxina e reestruturação. Não é o fim do mundo, a não ser que seja daqui a pouco.

A partida tinha uma atmosfera extra-esportiva. Muito diz que me disse quanto a possíveis malas, brancas ou pretas. O jogo em si foi muito morno, o que indicou muitas coisas na imaginação das pessoas.

Até que o primeiro tempo foi movimentado com defesas de Marcelo Lomba e Márcio, mas chances reais de gol mesmo umas duas ou três, no máximo. No segundo tempo as duas equipes pisaram no freio, o Bahia quase parou quando veio a notícia do gol do Náutico nos Aflitos.

Quem parou mesmo foi o zagueiro Gustavo que não entrou em sintonia com Márcio e deu a vitória de bandeja para o Bahia. O atacante Rafael foi o responsável por fazer o tento e garantir a equipe baiana de uma vez por todas na Série A. Um gol que foi simbólico para o ano rubro-negro.

O Dragão fechou um ano triste, onde nada deu certo. Na próxima temporada a diretoria que já foi tão aplaudida e ganhou até bandeira dos torcedores terá que ser muito criativa.