quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ostentando a sua fibra !


Como prometido, Assunção dá título ao Palmeiras. Foto: Fernando Borges



Jogos que vi em 2012 – Copa do Brasil – Final – Coritiba 1 x 1 Palmeiras #87

Ostentando a sua fibra. Nos últimos anos o Palmeiras não conseguiu fazer valer um dos versos mais marcantes de seu imponente hino. O explosivo alviverde marcado por tantas crises nos últimos anos que fizeram com que seu nome fosse ridicularizado, desprezado, perdesse a imponência e o respeito sobre os adversários mostrou que pode voltar a estar grande pois gigante ele já é.

Um clube tradicional e tão acostumado às glórias viu o seu torcedor usar a camisa verde com insistência e amor incondicional, mesmo sabendo que teria que enxugar com ela as lágrimas pelas decepções das vitórias e dos títulos que não apareciam. Tão raros e tão esperados.

Foram 12 anos sem um grande título, com o inferno da Série B, vendo os rivais colecionarem títulos. Interpretando o papel de coadjuvante, que não é dele. O título de bicampeão invicto da Copa do Brasil de 2012 faz um gigante levantar o queixo e poder ver o horizonte.

Essa conquista não basta, mas serve de estalo para que os dirigentes alviverdes voltem a perceber qual é a magnitude do clube quase centenário. Falar em mudança de pensamento no Palmeiras é complicado, mas a esperança é verde.

A campanha invicta que levou o Palmeiras ao bicampeonato teve a marca de Felipão. Scolari com um time limitado tecnicamente soube extrair o máximo de cada jogador e explorar as estratégias necessárias para vencer cada duelo de 180 minutos.

Se os onze titulares eram considerados medianos, imagina o elenco. Depois de ter apostado todas as fichas em Wesley e lamentar pela séria contusão, sobrou contratações como Mazinho, Fernandinho, Artur e Betinho.

Um futebol feio, sem graça, mas lutador e vencedor. Baseado na marcação forte, no contragolpe e na bola parada de Assunção. A mistura perfeita para levar um pouco mais de alegria ao coração sofrido do palmeirense.

E tinha que ser assim, com um gol emblemático de Betinho, um Luan manquitolando pelo gramado, mas com toda raça do mundo. Um título com a cara do Felipão, com a fibra do Palmeiras.

O Coritiba é um time mais organizado, mas não teve a alma e a competência necessária para levantar o caneco e bateu na trave mais uma vez. Assim como o Palmeiras, o Coxa experimentou o inferno da Série B e está se reerguendo. Bons trabalhos sucessivos renderão um doce prêmio para a torcida do inferno verde. Em breve.

Se não teve pela frente um time tão qualificado, encontrou um treinador mais do que acostumado ser campeão. Um especialista em torneios assim e que estava precisando de uma conquista para recuperar um pouco da própria confiança, embora sempre se mostre dono da situação do seu jeitão sargentão.

O título devolve ao Palmeiras a autoestima e o amor-próprio que estavam distantes do clube enquanto instituição vitoriosa de outrora.

O JOGO

O Coritiba começou melhor e não poderia ser diferente. O time paranaense precisava dos gols e apostava em Rafinha contra Juninho. O meia ágil incomodava tanto que forçou um amarelo no melhor lateral do Palmeiras jogando e o pior marcando. Por isso, Thiago Heleno saía para a caça e Henrique fazia a cobertura.

Éverton Ribeiro aparecia um pouco mais do que fez em Barueri. Roberto não apareceu bem e os volantes não tiveram tanto espaço. Isso porque o Palmeiras encurtou mais o jogo, ficou mais compacto.

O Palmeiras não tinha boa saída de bola. Daniel Carvalho em uma noite pífia não segurava a bola nem a distribuía. Betinho servia de poste e Mazinho era só esforço, sem luz. Mesmo assim, o Palmeiras teve duas boas chances, uma com Juninho exigindo intervenção de Vanderlei e outra com Betinho desperdiçando chance incrível criada pelo ótimo Assunção.

Rafinha teve a chance de abrir o marcador para o Coxa após bobeada de Thiago Heleno mas hesitou. Aquele erro traduziu o porque o time paranaense não teve melhor sorte. Não pelo lance específico, mas pelo conjunto de chances desperdiçadas em Barueri. Thiago Heleno machucado saiu, Leandro Amaro entrou.

O segundo tempo veio e o peso do relógio forçava sobre os ombros do Coritiba, Felipão lançou Luan no lugar de Daniel Carvalho e persistiu com Betinho em campo. Aos 17 minutos o lateral Ayrton que substituiu Jonas cobrou com perfeição a falta sofrida por Lincoln que entrara no lugar de Sérgio Manoel. Gol do Coxa.

A partir desse momento o semblante do palmeirense voltou a ser de preocupação. Será que viria pela frente mais uma frustração? Será que a agonia da fila seguiria por mais tempo? O filme que passou foi o do jogo de volta da semifinal contra o Grêmio. Após sofrer o primeiro gol conseguiu o empate logo em seguida e espantou de vez qualquer tipo de fantasma.

Em uma falta discutível, mas marcável sobre Mazinho, Marcos Assunção colocou na cabeça de Betinho que como teste de seu período de experiência testou de leve e deu o título ao Palmeiras. O Palestra jogava por uma bola, Betinho não acertava uma bola, acertou.

Restou ao time de Scolari esperar o apito final, Luan machucado era um leão em campo. Márcio Araújo entrou no lugar de João Vítor e se desdobrou. O Palmeiras segurou o empate e saiu invicto. Ninguém na Copa do Brasil conseguiu ganhar do “modesto e limitado” Palmeiras, até porque em mata-mata quem sobrevive com alma e coração até o fim nunca pode morrer.

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