quinta-feira, 28 de junho de 2012

A mística italiana


Azurra comemora classificação sobre fregueses alemães. Foto: AP



Jogos que vi em 2012 – Eurocopa – Semi  – Itália 2 x 1 Alemanha #80

Se tem uma coisa que aprendi a respeitar e admirar no futebol é a mística. A vitória da Azurra sobre os alemães deixou isso ainda mais claro. Antes da bola rolar, a Alemanha era apontada como favorita, aliás, antes mesmo da Eurocopa começar os alemães eram os mais cotados ao título ao lado da Espanha.

Mas a semifinal guardava para os alemães um destino cruel. Pela frente estava a Itália, desacreditada, conturbada com escândalos de manipulação de resultados. Uai! Parecido com 1982 então. A Alemanha nunca venceu os italianos em Copas do Mundo e nem em UEFA Euro. Os mais céticos não levam isso em conta. Eu levo.

Na análise fria os alemães são melhores, mas o futebol é mais do que isso. Por isso apaixonante. Quando a bola rolou em Varsóvia, cidade que sofreu nas mãos de tiranos alemães e italianos no passado, a previsão parecia que iria tomar forma. A Alemanha começou muito bem e sufocou no início.

Joachim Löw fez uma mudança três mudanças na equipe com relação às quartas-de-final. Podolski voltou para a esquerda no lugar de Schürrle, Klose saiu para a volta de Gomez e a mais tática mudança com a entrada de Kroos no lugar de Reus. Löw queria um meio-campo mais forte com Kroos para cercar melhor Pirlo. Não surtiu efeito.

A Itália jogou no 4-4-2 com Pirlo na cabeça da área auxiliado por De Rossi e Marchisio nos corredores com os laterais mais marcadores. Montolivo fazendo a ligação para Cassano e Balotelli.

Mudanças de Löw não foram o suficiente. Arte: Soccerway


A Alemanha pressionou nos minutos iniciais, mas esbarrou em Buffon. O melhor goleiro desde Sepp Maier, segurou o ímpeto alemão. Quando a Itália começou a sair para o jogo conseguiu marcar duas vezes.

Aos 21 minutos, Cassano recebeu na esquerda, contou com a falha do ótimo Hummels e cruzou no primeiro poste. Balotelli aproveitou o vacilo de Badstuber para abrir o placar. O invocado atacante italiano voltaria a brilhar. Aos 36, Montolivo acertou um primoroso lançamento para Balotelli que contou com a bobeada do experiente Lahm saiu na cara de Neuer e mandou um balaço na gaveta.

Na comemoração, o italiano, negro, tirou a camisa em um gesto simbólico por tudo o que o jogador sofreu com o racismo. É claro que é uma suposição, mas a feição do imprevisível atacante conotou isso.

A Alemanha tinha muito tempo para reverter o quadro, pena para eles que o dono do tempo e da bola em Varsóvia era um tal de Pirlo. O “volante”, assim como faz na sua Juventus, ditou o ritmo do jogo e deu aula de futebol. O seu oponente, Schweinsteiger não teve a mesma atuação, ao contrário, esteve apagado.

Com Buffon se virando lá atrás, Pirlo mandando no jogo e os gols de Balotelli, a Itália manteve a escrita e despachou a favorita Alemanha. Özil ainda diminuiu em cobrança de pênalti e reforçou a máxima sobre a persistência alemã. 

Aos germânicos fica a lição e começa a cair sobre os ombros o peso da pressão. Um camisa tão pesada quanto a alemã não sobrevive só de bom futebol. Agora a Itália enfrenta a Espanha no domingo. Só de pensar que os espanhóis “classificaram” os italianos ao não empatarem por 2 a 2 com a Croácia no encerramento da primeira fase, faz nos lembrar novamente da mística do futebol e da força do destino que nem sempre é tão aleatória.

Em tempo: A atuação de Neuer nos minutos finais do jogo foi algo de sensacional !

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